quarta-feira, 23 de maio de 2012

CONDUTAS IMEDIATAS NO TRAUMA DURANTE CONFRONTO


CEL. IRANIL SANTOS
            RAFAEL DIB PORCIDES, MD, PhD


INTRODUÇÃO
Os ferimentos ocorridos durante confronto armado são em sua maioria de natureza penetrante, outros mecanismos potenciais de lesão são ocasionados por trauma fechado como as agressões interpessoais, abalroamento, atropelamento, queda e as explosões (queimaduras e fenômeno explosivo). A possibilidade de alguém sair ferido em um confronto armado é grande e a atitude empregada nesta situação poderá ser determinante na sobrevivência.
A cena do confronto possui várias peculiaridades, como a falta de segurança, exposição do público, falta ou restrita disponibilidade de recursos (materiais e exames) e o estresse psicológico que envolve a situação. A atitude do policial ferido de não esmorecer ou de simplesmente entregar-se ao criminoso significa não se expor a um risco não calculado. Muitos ao serem atingidos, às vezes até de forma superficial, entram em estado de pânico e pavor, se entregando à ilusão de que o criminoso será piedoso. Esta teoria inverídica deve-se ao fato que a maioria dos delinqüentes preferir queimar o arquivo, matando a vítima, a se arriscar ser reconhecido posteriormente. Assim, o conselho que podemos lhe dar é suportar a dor, resolver o problema com o atacante e, finalmente, aplicar as medidas de primeiros socorros.
Independente das informações que adiante serão repassadas, ninguém poderá ser proficiente no trato com ferimentos graves apenas lendo um livro ou um manual de primeiros socorros. O sensato e lógico é você se inscrever em um curso de primeiros socorros e receber orientações teóricas de um profissional competente da área. O treinamento específico torna-lo-á capacitado a agir em situações de ferimentos em embates armados, bem como para atuar em outras ocasiões de acidentes diversos. Os procedimentos descritos neste manual têm fundamentação teórica na experiência profissional dos autores e na revisão bibliográfica das principais revistas e livros especializados da área. Por outro lado, independente de você ter conhecimento em primeiros socorros e vir a sofrer lesão provocada por uma arma branca ou projétil de arma de fogo, a preocupação imediata deverá ser com a sua segurança e no primeiro momento com o controle da hemorragia externa. Portanto procure controlar-se e raciocinar sobre as alternativas de ficar no local ou ir ao encontro imediato de auxílio médico.
Os ferimentos por projétil de arma de fogo ou por artefatos explosivos podem ocasionar extensos ferimentos de partes moles, lesões de órgãos ocos ou maciços, queimaduras, múltiplas lesões, fraturas ou a combinação destas. O calibre do projétil, o orifício de entrada e saída não refletem a gravidade do ferimento. O projétil pode ter atravessado tecidos, vasos sangüíneos, nervos, medula, ter desviado na estrutura óssea ou ter explodido ou se fragmentado. TODOS OS FERIMENTOS POR PROJÉTIL DE ARMA DE FOGO SÃO GRAVES. Se o projétil penetrou o corpo, mesmo que o trajeto não aparente, assuma que há uma lesão interna.
As características do atendimento de socorro prestado na cena do confronto, isto é, sua seqüência será determinada pela segurança do local, dos tipos de lesão e do material disponível para o atendimento. Um dos principais erros da equipe ao tentar resgatar rapidamente o policial ferido é não avaliar adequadamente a cena em que está ocorrendo o embate com os criminosos, e com isso ser ferida no fogo cruzado aumentando o número de vítimas. Os treinamentos para o combate preconizam que um inimigo ferido de forma não mortal pode tirar de combate dois ou mais homens para atendê-lo e carregá-lo além de afetar psicologicamente a tropa. Os socorristas devem estar atentos que a prioridade número um é a própria segurança e na seqüência da vítima e que se possível este homem ferido deve ser atendido e posto pronto para combate com brevidade.
É importante ressaltar que vítimas com feridas potencialmente graves e com hemorragia interna devem ser levadas imediatamente ao local mais adequado para atendimento. Em cirurgia do trauma existe a chamada Golden Hour, que corresponde à primeira hora do atendimento, nela as condutas médicas empregadas rapidamente são determinantes para a sobrevivência do paciente, portanto se vamos decidir sobre a retirada do paciente não podemos demorar mais que 10 minutos para esta decisão. O atraso no tratamento destes pacientes com hemorragia leva a uma síndrome inflamatória sistêmica como resposta a lesão, acarretando a injúria e falência de vários órgãos como pulmões, fígado, rins, intestinos, pâncreas conseqüentemente ocasionado a morte. O tratamento definitivo das lesões associado a reposição volêmica (soro, sangue etc) em tempo hábil melhora a sobrevida e diminui o grau de possíveis seqüelas.

2 comentários:

  1. Olá Prof. Rafael,
    O Sr poderia postar todo o artigo? Lembro desta aula foi muito boa. Obrigado, Ricardo.

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  2. NO dia 01.01.2005, sofri um sequestro , reagí violentamente e fui atingido por arma de fogo, no plexo braquial esquerdo, com perfuração do pulmão esquerdo .
    Cheguei no Hospital evangélico em estado crítico, e, você decidiu rapidamente perfurar meu tórax e introduzir um dreno, mesmo antes do efeito da anestesia !
    Foi genial.
    Salvou minha vida.
    Sentia meus sentidos enfraquecendo na mesa de cirurgia...
    Após sair de meu hospital particular, mandei comprar uma caneta, com seu nome gravado.
    Obrigado por salvar minha vida.
    Não fiquei com nenhuma sequela do ferimento.
    VOCÊ GRITOU PRA FURAR, TOMOU A FERRAMENTA DA MÃO DE ALGUÉM E FUROU RÁPIDO !
    obrigadíssimo !!!!!!
    RICARDO SILVEIRA
    41-9188-3919

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