CEL. IRANIL SANTOS
RAFAEL DIB PORCIDES, MD,
PhD
INTRODUÇÃO
Os ferimentos ocorridos durante
confronto armado são em sua maioria de natureza penetrante, outros mecanismos
potenciais de lesão são ocasionados por trauma fechado como as agressões
interpessoais, abalroamento, atropelamento, queda e as explosões (queimaduras e
fenômeno explosivo). A possibilidade de alguém sair ferido em um confronto
armado é grande e a atitude empregada nesta situação poderá ser determinante na
sobrevivência.
A cena do confronto possui várias
peculiaridades, como a falta de segurança, exposição do público, falta ou
restrita disponibilidade de recursos (materiais e exames) e o estresse
psicológico que envolve a situação. A atitude do policial ferido de não
esmorecer ou de simplesmente entregar-se ao criminoso significa não se expor a
um risco não calculado. Muitos ao serem atingidos, às vezes até de forma
superficial, entram em estado de pânico e pavor, se entregando à ilusão de que
o criminoso será piedoso. Esta teoria inverídica deve-se ao fato que a maioria
dos delinqüentes preferir queimar o arquivo, matando a vítima, a se arriscar
ser reconhecido posteriormente. Assim, o conselho que podemos lhe dar é
suportar a dor, resolver o problema com o atacante e, finalmente, aplicar as
medidas de primeiros socorros.
Independente das informações que
adiante serão repassadas, ninguém poderá ser proficiente no trato com
ferimentos graves apenas lendo um livro ou um manual de primeiros socorros. O
sensato e lógico é você se inscrever em um curso de primeiros socorros e
receber orientações teóricas de um profissional competente da área. O
treinamento específico torna-lo-á capacitado a agir em situações de ferimentos
em embates armados, bem como para atuar em outras ocasiões de acidentes
diversos. Os procedimentos descritos neste manual têm fundamentação teórica na
experiência profissional dos autores e na revisão bibliográfica das principais
revistas e livros especializados da área. Por outro lado, independente de você
ter conhecimento em primeiros socorros e vir a sofrer lesão provocada por uma
arma branca ou projétil de arma de fogo, a preocupação imediata deverá ser com
a sua segurança e no primeiro momento com o controle da hemorragia externa.
Portanto procure controlar-se e raciocinar sobre as alternativas de ficar no
local ou ir ao encontro imediato de auxílio médico.
Os ferimentos por projétil de arma de
fogo ou por artefatos explosivos podem ocasionar extensos ferimentos de partes
moles, lesões de órgãos ocos ou maciços, queimaduras, múltiplas lesões,
fraturas ou a combinação destas. O calibre do projétil, o orifício de entrada e
saída não refletem a gravidade do ferimento. O projétil pode ter atravessado
tecidos, vasos sangüíneos, nervos, medula, ter desviado na estrutura óssea ou
ter explodido ou se fragmentado. TODOS
OS FERIMENTOS POR PROJÉTIL DE ARMA DE FOGO SÃO GRAVES. Se o projétil
penetrou o corpo, mesmo que o trajeto não aparente, assuma que há uma lesão
interna.
As características do atendimento de
socorro prestado na cena do confronto, isto é, sua seqüência será determinada pela
segurança do local, dos tipos de lesão e do material disponível para o
atendimento. Um dos principais erros da equipe ao tentar resgatar rapidamente o
policial ferido é não avaliar adequadamente a cena em que está ocorrendo o
embate com os criminosos, e com isso ser ferida no fogo cruzado aumentando o
número de vítimas. Os treinamentos para o combate preconizam que um inimigo
ferido de forma não mortal pode tirar de combate dois ou mais homens para
atendê-lo e carregá-lo além de afetar psicologicamente a tropa. Os socorristas
devem estar atentos que a prioridade número um é a própria segurança e na
seqüência da vítima e que se possível este homem ferido deve ser atendido e
posto pronto para combate com brevidade.
É importante ressaltar que vítimas com
feridas potencialmente graves e com hemorragia interna devem ser levadas
imediatamente ao local mais adequado para atendimento. Em cirurgia do trauma
existe a chamada Golden Hour, que
corresponde à primeira hora do atendimento, nela as condutas médicas empregadas
rapidamente são determinantes para a sobrevivência do paciente, portanto se
vamos decidir sobre a retirada do paciente não podemos demorar mais que 10
minutos para esta decisão. O atraso no tratamento destes pacientes com
hemorragia leva a uma síndrome inflamatória sistêmica como resposta a lesão,
acarretando a injúria e falência de vários órgãos como pulmões, fígado, rins,
intestinos, pâncreas conseqüentemente ocasionado a morte. O tratamento
definitivo das lesões associado a reposição volêmica (soro, sangue etc) em
tempo hábil melhora a sobrevida e diminui o grau de possíveis seqüelas.
Olá Prof. Rafael,
ResponderExcluirO Sr poderia postar todo o artigo? Lembro desta aula foi muito boa. Obrigado, Ricardo.
NO dia 01.01.2005, sofri um sequestro , reagí violentamente e fui atingido por arma de fogo, no plexo braquial esquerdo, com perfuração do pulmão esquerdo .
ResponderExcluirCheguei no Hospital evangélico em estado crítico, e, você decidiu rapidamente perfurar meu tórax e introduzir um dreno, mesmo antes do efeito da anestesia !
Foi genial.
Salvou minha vida.
Sentia meus sentidos enfraquecendo na mesa de cirurgia...
Após sair de meu hospital particular, mandei comprar uma caneta, com seu nome gravado.
Obrigado por salvar minha vida.
Não fiquei com nenhuma sequela do ferimento.
VOCÊ GRITOU PRA FURAR, TOMOU A FERRAMENTA DA MÃO DE ALGUÉM E FUROU RÁPIDO !
obrigadíssimo !!!!!!
RICARDO SILVEIRA
41-9188-3919